domingo, 13 de novembro de 2016

Barabbas, o escolhido!

Ao começar a ler este livro intitulado Barabbas (1950) de Pär Lagerkvist (1891-1974), Nobel em 1951, não sabia exatamente o que estava a começar a conhecer, a ler... Em primeiro lugar o autor, depois o livro. 
O escritor sueco fez parte dos De Aderton da Academia Sueca. Por si só esta seria uma razão para recear o conteúdo do livro. Tanto que o seu título também é um motivo forte para abrir a minha curiosidade. Tentado, lá o comecei a ler.




Barabbas (1950) de Pär Lagerkvist é uma obra filosófica que toca num ponto concreto: 
O homem que escreve, logo o escritor! Que tem que ter uma criatividade para criar sua arte: Literatura! Que lida, leva o pensamento do leitor a outro lugar! 
Pär Lagerkvist leva-nos ao momento em que Jesus Cristo foi crucificado. Pega em Barrabás, o escolhido e constrói toda uma atmosfera de atormentação sobre um homem que para a humanidade apenas teve sorte. É uma questão de conhecer a história de Barrabás. 
E esta storyline é algo para mim completamente inovador. Pela primeira vez senti que a escrita tinha quase como se encontrado a sua verdadeira essência. Passo a explicar:
Já desde a sua invenção,  a escrita, é  transformação da imaginação utilizar, aquela ferramenta para descrever acontecimentos. É normal pegar num desses acontecimentos presentes e dar-lhes com remix
No entanto, aqui encontramos algo novo. Pegar num evangelho do livro mais impactante da história da humanidade, a Bíblia. E dar-lhe vida com uma inteligente precisão, é obra de alguém genuinamente  artístico. 
O autor sueco de maneira magistral, tornou possível para eu perceber as fontes misteriosas de uma consciência emergente secretamente atormentado pelo problema de Cristo num momento em que a doutrina cristã ainda estava no processo de formação, quando o dogma da ressurreição ainda dependia de prova incerta de algumas testemunhas crédulas que ainda não tinham superado o fosso entre a superstição e a fé. 


"Dê-nos Barrabás!", ilustração do volume 9 de The Bible and its Story Taught by One Thousand Picture Lessons, de 1910

O autor tem uma forma literária grotesca de construir toda uma narrativa baseada num acontecimento, que não é mais que uma passagem de um livro. Consegue através da literatura, que o leitor tenha uma ideia do que aconteceu a Barrabás depois de Cristo morrer na cruz.
Este livro é precisamente essa história, ou uma das versões delas. Tem um personagem com o nome de Barabbas e é curioso como o autor entra na personagem de Barabbas (Barrabás), que não tem muita importância na morte de Jesus. Quero dizer não contribui para ela de forma direta, mas é apresentado, pelo mesmo autor como alguém atormentado e tem um pesar na sua existência. Desde o momento em que aconteceu:


Barabbas thought, so that the poor man would not have to suffer any more. If only the end would come! As soon as the end came he would hurry away and never think of this again.…
But all at once the whole hill grew dark, as though the light had gone out of the sun; it was almost pitch-dark, and in the darkness above, the crucified man cried out in a loud voice:
—My God, my God, why hast thou forsaken me?

São nestes relatos, que de alguma forma podem não ser reais, mas são minuciosos que percebemos o tormento pessoal de Barabbas: ele não é Jesus da bíblia. Esse é outro personagem, noutra história, noutro livro. Esta é a história de Barabbas que se cruzou com Jesus.
O que vem depois é uma questão toda ela profunda de análise. Em primeiro lugar o que está escrito e o que nos faz pensar e sentir. A mim fez sentir que o autor tenta mostrar que não é religioso. Mas encontra nas figuras místicas uma forma de inspiração. Na verdade creio que Barabbas é mesmo a personificação do autor. Atormentado sobre o que deve acreditar. Já que a própria humanidade pode falhar.
Creio que existe um filme baseado no livro, mas mesmo esse acho que não consegue importunar as pessoas pelo que está escrito e diga-se de forma detalhada. De alguma forma a existência de Barabbas é a minha própria existência.
O autor manifesta que está perturbado pelas grandes questões que atormenta a humanidade, mas não as quer ter sozinho. É necessário expulsar e a para isso criou Barabbas como o seu refúgio e manifestou em 144 páginas.
Mas são 144 páginas que a meio do livro já cansa pela repetição de ideias e buscas contínuas pela verdade, pela razão de acreditar que tudo não é meramente um acaso, mas sim algo escrito já há muito tempo, afinal estamos a falar do Messias.
Mas a personagem Barabbas consegue de forma profunda caracterizar um período de radical mudança, socializando com as pessoas e tendo com elas diálogos sobre o sucedido. Afinal, na história ele não é qualquer um, é uma personagem.
E uma personagem com características únicas: é um assassínio.  Mas tudo que tinha acontecido com ele mudou-o.
A questão passa entre o acreditar e não acreditar e o que este livro consegue, é de forma literária, que o nosso pensamento deambule entre essa confrontação durante toda a sua leitura. 

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